Os versos cantados pelas gentes de Armamar de outros tempos são uma boa forma de perceber os valores que definiam a cultura e os hábitos de então. Podem identificar-se muitas temáticas: cantigas religiosas, amorosas e de saudade, satíricas e de escárnio, de romaria e de roda. Outras há que se relacionam com as colheitas: vindimas, corte dos cereais, as desfolhadas...
Muitos destes versos sobrevivem ainda hoje em Armamar no repertório das associações culturais existentes que os protegem do esquecimento e os dão a conhecer por esse mundo fora, nos muitos países que são convidados a visitar.
Ó amiga, tu não digas
Teus segredos a ninguém;
Uma amiga tem amigas,
Outra amiga, amigas tem.
O meu amor foi p’ra Régua,
Foi carregar ao Pinhão;
Nossa Senhora mo livrou
Dos embalos do cachão.
Canta comigo, ó prima,
Nem ficas mais, nem ficas menos;
Se és mais na formosura,
No sangue regularemos.
Quem quiser ouvir as moças,
Venha à rua das padeiras;
Qu’as padeiras ‘stão cantando,
Com o rebate das peneiras.
Já não tenho o coração,
Que mo tiraram do peito;
No lugar onde ele ‘stava,
Nasceu um amor perfeito.